No Brasil, convencionou-se chamar de “arte popular” a produção de peças artísticas, como esculturas ou pinturas, feitas por homens e mulheres que, sem jamais terem frequentado escolas de arte, criam obras de reconhecido valor estético.
Ivanilde Gallo, teresopolitana do interior do município, se enquadra neste estilo quando revela em seus trabalhos intimidade incontestável com o meio ambiente, cuja fonte de inspiração também é matéria-prima para suas obras. A natureza surge revisitada nas cores intensas de suas imagens que expressam a força vital da energia criativa provocada pela experiência visual vivenciada por ela. Com a intenção primária de preservar a natureza, em um movimento legítimo de reciclagem, Ivanilde recolhe cascas e galhos de árvores, bambus, sementes e palhas na intenção de utilizá-los como suporte para reprodução de cenas de seu cotidiano, a princípio simples, mas que numa segunda leitura provocam uma intensa comunicação, onde descortina-se um Brasil interiorano e fascinante, ligado às suas raízes e à natureza que o cerca.
A mostra O Natural da Arte estará aberta a partir desta sexta-feira, dia 10 de agosto, na Galeria da Casa de Cultura Adolpho Bloch e poderá ser visitada até o dia 15 de setembro, de segunda a sábado, das 9h às 19h. Entrada franca.
Fonte:Assessoria de Comunicação de Teresópolis (Secretaria de Cultura)
A ARTE COUNTRY DE IVANILDE GALLO
ResponderExcluir19:20 MOVIMENTO CONSERVACIONISTA TERESOPOLITANO 3 COMMENTS
Canta sabiá com a lua cheia, para alegrar a alma da floresta!
Vidocq Casas
Teresópolis é um lugar maravilhoso e aprazível, porque a Natureza aqui, ainda, está verde, viva e esplendorosamente bela, e, principalmente, porque aqui, também, nasceu a artista plástica Ivanilde Gallo, em Bonsucesso, na zona rural, no 3º Distrito de Teresópolis-RJ.
Ivanilde Gallo é uma mulher natureza, uma árvore gente cheia de viço e florida, como as florestas na Primavera.
Sei que ela, desde criança, começou a desenhar por intuição os bichos da roça, as histórias que lhe contavam na infância, a beleza das montanhas, a magia dos vales incrustados na terra fértil do interior, o celeiro dos alimentos que nos dão saúde e vida. Durante 25 anos, esteve tolhida da erupção de sua arte, por motivos familiares e sua dedicação de mãe extremosa ao lar e filhos.
Ela me disse, com humildade e elevada consciência, que o fogo voraz da criação (o ser-e-fazer do artista criador) crepitava, em sua alma vulcânica, como a chuva que fecunda a terra e o fogo dos mistérios da vida, que precisavam sair do seu corpo e se transformarem em arco-íris e serem os passarinhos, as flores e as paisagens que ela pinta como um fada-feiticeira, que veio ao mundo para alegrar e colorir os nossos olhos de amor e beleza. Como um ciclone ela se assumiu e, como uma poeta sensível, começou a pintar os seus sonhos, segredos e idéias... O cárcere da solidão, creio foi a sua fogueira de luz e liberdade que aos gritos de seus sentimento, ela como feiticeira e alquimista, transformou em quadros lindos e dignos dos museus do mundo.
Na verdade, ela é um laboratório-usina-de-invenções, que pinta e borda com maestria com sementes, folhas secas gravetos que viram magicamente belos quadros, retratos vivos da vida sertaneja – galos surrealistas, carros de boi nos caminhos da roça, um mundo puro e inovador de poesia, sonho, sensibilidade e loucura criativa: a genialidade!
Ela, graças a Deus, é um autodidata, se formou por si mesma e doutorou-se na escola da vida, que é o seu mundo mágico – o caminho da roça onde vivem livres o perfume e a brisa dos campos, a chuva cantadora, a lua cheia do mor, o sol da vida e as estrelas e os cometas siderais da eternidade e do infinito, onde ela viaja com suas tintas nas asas das cores, a sua criação indefectível e genial!
Como não se dobrar a seus pés a velha estética conduzida por padrões e a literalice dos cânones acadêmicos de regras caducas das faculdades, que muitos vão, freqüentam ou se formam sem nada produzirem ou criarem?!
O que eu sinto e vivo, em seus quadros, é a vida arte, pulsando, como um rio vivo de fogo, aquela fogueira com que Van Gogh, pintava seus miraculosos girassóis com a alma em chamas e mergulhado nas estrelas e cometas da noite interminável dos sonhos!
Esta mesma febre de sonhar em labaredas com que Ivanilde vai colorindo o mundo! Como poeta, posso dizer: Ó meu Deus, como a vida precisa ser esta luz, cores e êxtase para ser sonho! Sempre a encontro nas asas do criar no seu Atelier (na casa onde mora) pintando no seu delírio criativo, onde se retransforma em tudo, portas para o sem fim, armários de segredos e ilusões, janelas para o futuro e murais que retratam a vida sertaneja em arte universal.
Salve e Viva o caminho da roça colorido pelas festas juninas e do grito dos galos acordando a madrugada, sob o canto dos sabiás na lua cheia para alegrar a alma das florestas!