Extra:Pais que perderam filhos na tragédia da Região Serrana reviveram a dor do luto
Mais do que centenas de vidas, a tragédia da Região Serrana levou consigo a alegria e o prazer de muitos sobreviventes. A chegada de datas comemorativas traz, para essas famílias, a certeza de reviver os momentos de dor. No Dia dos Pais, no lugar de festas, inúmeros lares viveram apenas mais um dia de luto.
No segundo ano sem a primeira filha, as cenas da tragédia continuam nítidas e fortes na memória do lavrador Marcio Rimeis. Das últimas lembranças de Maiara Rimeis, ele lembra do seu desejo de ter o próprio quarto. Marcio havia acabado de construir o cômodo, na parte de trás da casa, no bairro de Pilões, em Friburgo, quando, na madrugada de 12 de janeiro de 2011, uma enxurrada de lama derrubou todas as paredes. Os móveis, recém-comprados, ainda estão debaixo dos escombros, a alguns metros da nova casa do lavrador, primeiro local visitado no Dia dos Pais.
— Nem as recordações dela ficaram. Somente aqui ainda consigo encontrar alguns objetos que restaram.
Apesar de ter outros dois filhos — um deles, uma menina que nasceu 11 meses após a morte de Maiara — no dia de ontem, ele lembrava apenas da noite em que retirou a menina, na época com 11 anos, debaixo da terra.
— Hoje revivo a cena da minha família, reunida do lado de fora da casa, nos abrigando do desastre, com o corpo da Maiara do lado. Ainda acreditávamos que ela estava viva — diz o lavrador.
Se para Marcio as últimas lembranças são do resgate da filha, feito pelos próprios braços, Sebastião da Silva, morador de Campo Grande, em Teresópolis, ainda vive o drama de não saber onde foi parar o corpo do filho, Ronis Pinheiro, então com 40 anos. No dia de ontem, sem vontade de comemorar a data, desejava apenas informações:
— Já perdi o meu filho, e agora não há mais sentido o Dia dos Pais. Só queria saber onde ele está.
Resultados obtidos serão avaliados
Serão avaliados, hoje, os resultados obtidos na Região Serrana, até agora, pela força-tarefa criada por determinação da ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O grupo — formado por advogados, psicólogos e assistentes sociais — tem a missão de ouvir as famílias vítimas da tragédia, prestar consultoria jurídica e levantar informações sobre os desaparecidos.
Profissionais de três Centros de Referência em Direitos Humanos (CRDH) — responsáveis pelo trabalho de apoio às vítimas das chuvas — vão apresentar relatórios preliminares sobre os casos apurados na região até o momento, para definir quais serão os próximos passos durante a semana.Em Juiz de Fora, está marcada uma reunião de avaliação com o diretor de Promoção da Secretaria de Direitos Humanos, Gabriel Rocha. Já em Petrópolis, o encaminhamento dos casos será feito pela internet, via Skype, com representantes do órgão em Brasília. E o coordenador do CRDH de Nova Iguaçu vai apresentar os dados pessoalmente em Brasília.
Fonte:Assessoria de Comunicação de Teresópolis (Jornal Extra)
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